domingo, 24 de janeiro de 2010

Na fronteira

Tá chegando a hora. A gente parte hoje às 19h15. Isso significa que temos que estar em Cumbica às 15h15. Sim, você leu certo. 4 horas antes. Parece que vamos passar por uma série de revistas antes de embarcar... Tomara que sejam Teatro de revista, Revista da Folha, o antigo programa "Mulheres em Revista", ... embora eu não esteja contando muito com isso.

Pra começar, a gente tem que preencher um formulário com respostas a perguntas do tipo: "Você tem participado de algum grupo de extermínio recentemente?", "Está portando bombas, artefatos explosivos, armas de fogo ou armas brancas?" "É membro de alguma torcida organizada?" "No caso das Torres Gêmeas, torceu pra quem?".

Também tem a revista. Tira sapato, abre bolsa. Já passei por três situações insólitas nesse momento da revista.
Na primeira, em Lima, me tiraram uma lixa de unha. Acho que tiveram medo que eu lixasse a unha do piloto e ele morresse de vergonha.
Na segunda, em Miami, cismaram com uma lapiseira que eu tinha trazido de Barcelona. Ela é mais gorduchinha com um desenho do Gaudí e o grafite é mais grosso. Queriam saber que tipo de ferramenta era aquele e carregavam a coitadinha de um lado para o outro, segurando com dois dedos apavorados. E tornavam a passá-la pelo raio X. Eu tentava mostrar que era uma lapiseira, mas eles não me deixavam demonstrar...
A terceira foi em julho, saindo do Tibete para Delhi. A militar já tinha passado aquele instrumento que parece uma raquete de tenis para ver se havia algum metal no meu corpo. Estava tudo bem. Mas enquanto eu estava de costas, ela meteu a mão no meu cabelo cacheado. Eu disse que não havia granadas de mão ali. Dessa vez, fiquei em dúvida se ela realmente suspeitava que eu estivesse armada ou se nunca tinha visto um cabelo assim, pois todo mundo tem cabelo liso por lá.

Desta vez, a coisa é mais séria, pois sempre que alguém marca bobeira na revista e faz todos se lembrarem do risco do terrorismo nas alturas, como aconteceu recentemente, os procedimentos ficam mais complicados.
Ainda assim, eu não sei o que acontece se um boxeador resolver matar alguém com as próprias mãos. Ou se o sujeito resolve construir uma arma com aquele metal cirúrgico (minha mãe nunca foi parada em porta giratória, embora tenha duas próteses imensas nas pernas) Oooops, eu não devia ter compartilhado esse meu pensamento. Daqui a pouco, vamos todos entrar algemados no avião...

6 comentários:

  1. muito bom o ritmo do que voce escreve. Nunca tinha lido seus blogs. Legal :>

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  2. Oi Elidia!

    Muito bacana sua idéia de publicar este blog!


    Acabei de chegar de uma viagem insólita e bem interessante: Fomos para Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.
    As revistas, para variar, foram uma aventura a parte!
    Chegando do ocidente, fomos recepcionados como invasores. Apesar de estarmos com os vistos prontos, até scan de íris tivemos que fazer!
    Na volta, na passagem pela Alemanha (não tem vôo direto para o Brasil)a coisa foi ainda pior. Chegamos com um avião árabe, aí fomos revistados como se fossemos terroristas. Desligada como eu sou, esqueci uma garrafinha de água (árabe) na bolsa, que eu tinha comprado no aeroporto em Abu Dhabi e que não tinha tomado toda. A bolsa ficou retida e fui chamada a dar explicações. O "simpático" policial alemão (impressionante como os policiais de fronteira, no mundo todo, são tão mal humorados!!!) perguntou que língua eu queria usar. Claro que eu respondi PORTUGUÊS, com a cara mais inocente do mundo. Ele então fechou ainda mais a cara e disse que as opções eram alemão ou inglês (Dã...rs). Língua escolhida, esclarescimentos dados, me deixaram passar. Mas a minha garrafinha de água ficou mesmo por lá...

    A viagem foi uma delícia e fomos super felizes e bem tratados por lá. Apesar da propaganda, não encontramos nenhum árabe bicho-papão, muito pelo contrário!

    Vou seguir teu blog, acho uma delícia o seu estilo de escrever.

    Boa viagem e beijos!!!!

    Flávia.

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  3. Como assim? e nossa reunião de quinta (categoria pelo indiferença)Boa viagem, adorei o texto, só um conselho, nunca use aqueles aneizinhos e aqueles colarzinhos que voce tem o hábito de carregar. beijos

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  4. Que você escreve bem, eu sei, mas o melhor é essa sua linguagem coloquial. Gostei da sugestão do Carlos também quero o roteiro. Beijos

    Ana Célia

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  5. Risos....você tem uma forma muito envolvente de escrever....parece que estou ao seu lado participando e visualizando tudo...parabéns e boa viagem ! Regina Miranda

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