terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Iliterata

Faz quinze dias que estamos aqui. Em Israel, muitas pessoas falam inglês, especialmente nos lugares mais turísticos. Mas visitamos vários pontos mais restritos ao povo local, como a estação de esqui no Monte Hermon e Rosh Haniqrá, na fronteira com o Líbano. Em lugares como esses, a gente ouve as pessoas falando e se sente estranha, pois não reconhece nenhum som ou muito poucos. Na Jordânia e no Egito, foi a mesma coisa. A maioria das pessoas que alega falar inglês tem um vocabulário restrito ao trato com o turista - pontos de interesse, preços, ingredientes de pratos... Fica meio solitário.

Mas não importa se você está num grande shopping center ou comprando legumes numa banquinha drusa, numa estrada desolada do Golan. Essa foi uma sensação que marcou fortemente meu coração: eu consigo ler os números. Vejo se a loja oferece 30% de desconto ou se são vendidos 1 + 1. Mas não sei o que! Não consigo ler uma placa em frente a uma padaria. Nenhum outdoor. Muito menos a especialização de um médico na placa em frente ao consultório. A gente segue por avenidas e nada significa nada. Entra no mercado e não entende nenhum rótulo. Não sabe para onde vão os ônibus que passam.

A sensação é medonha e eu fiquei imaginando o que é não ter alternativa - não saber ler. Me senti menos gente. Não-cidadã. Deficiente.

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