sábado, 3 de abril de 2010

Índia e Tibete

Essa viagem para Israel, Jordânia e Egito foi muito legal e serviu bastante ao meu intento em percursos desse tipo, que consiste em observar e conviver com as pessoas e ‘beber’ as semelhanças e novidades. Poucas coisas na vida são melhores que essa oportunidade. Contudo, pelo menos até o momento, a viagem para a Índia é a que mora no fundo do meu coração. Aquele lugar cuja lembrança sempre provoca um sorriso cheio de carinho e saudade. Alguns dirão que é Barcelona; para outros será Miami ou o Rio de Janeiro. O destino para onde eu quero voltar é a Índia.

Sendo assim, eu vou pedir licença a quem me lê para contar causos e detalhes de minha estada na Índia, em junho/julho do ano passado.



Eu tinha estado na Índia a trabalho em 2007. Passei cinco dias lá – três em Delhi e um bate-volta até Agra. Essa última passagem era obrigatória porque dizem que há duas categorias de pessoas no mundo: aquelas que conhecem e aquelas que não conhecem o Taj Mahal. Era minha chance de mudar de nível! Com isso, em menos de uma semana, eu estava perdidamente apaixonada e certa de que voltaria àquele país.

Já no Brasil, conversando com minha amiga Monique, comentei que gostaria de conhecer a montanha, a parcela tibetana que ficou fora da China, conhecida como Jammu & Kashmir, mais especificamente a região do Ladakh, ou “o último Shangri-lá”. Ela logo se animou, até porque já nasceu pilhada. Meses depois, minhas amigas Cleyde e sua filha Priscila se juntaram a nosso petit comité. A Erika, que trabalhava com RH em atividade semelhante à da Monique, se agregou depois. O batalhão estava completo. E não é que tinha mais gente que queria subir o morro?!

Monique começou a abanar sua varinha de condão, pesquisando agências de viagem no Brasil, mas, diante da falta de garantias quanto aos riscos de chegarmos muito perto do Paquistão, procurou ajuda do consulado e obteve nomes de agências em Delhi. Começava a jornada...

A coisa toda era meio complicada: seria uma viagem de um mês feita por um grupo formado apenas por mulheres, seguindo de carro a maior parte do tempo. Eu explico: mulheres ainda não costumam viajar sozinhas por lá; o percurso que tínhamos escolhido era bem complexo; e também tem o lance das precárias estradas indianas – bem – é coisa de se ver. Como se não bastasse, eu queria andar de trem – o principal meio de transporte naquelas paragens. (é evidente que eu nunca tinha deparado com a plataforma de uma estação de trem indiana). Estaríamos lá em julho, que é a única época do ano (quatro meses) em que a neve derrete nas montanhas e é possível seguir pela estrada até o Ladakh. Passaríamos metade da viagem na montanha e a outra metade na planície, conhecendo também pontos turísticos mais tradicionais, pois era injusto elas irem até lá e não conhecerem Varanasi, o Taj Mahal, o Palácio dos Ventos, o Qutub Minar, o complexo de templos de Khajuraho... Embora a temporada fosse propícia para a montanha, as Monções estariam justamente chegando à planície e, com elas, a chuva e as enchentes. E um calor úmido aterrador.

Convenhamos que nada disso é costumeiro, mas nosso amigo Tapas – o dono da agência de turismo Trinetra – não se abatia diante das vicissitudes que a vida lhe impunha! Ele nos convenceu de que a viagem era possível quando prometeu um Sexta-feira. Friday mesmo. (Manja o amigo do Robinson Crusoé?) Era praticamente o marido ideal: colocaria as malas no carro e tiraria no fim de cada etapa da viagem, dirigiria sem reclamar se nós ficássemos em volta dizendo que estava indo rápido demais ou pedindo que ele parasse para fazermos xixi, indicaria os restaurantes com melhor qualidade, traduziria os cardápios e faria as refeições conosco, afastaria qualquer Zé Mané indesejável, entraria nas lojas conosco e ainda negociaria os descontos! Parecia um sonho promissor.

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