segunda-feira, 22 de março de 2010

Não é o Brasil

Quando chegamos a Israel, minha primeira impressão foi dúbia: ora eu achava que era tudo igual embora em continentes diferentes. Dali a pouco, parecia que estávamos a galáxias de distância. O fato é que, fora aquele lance de brigar com os vizinhos fora do campo de futebol, o dia-a-dia deles é bem parecido com o nosso. No prédio, tem sempre um morador que ocupa a vaga do outro, larga o carrinho de compras fora do lugar ou leva o cachorro para fazer cocô na entrada de visitantes. Eles também encrencam com atendentes em serviço de atendimento ao cliente e com seguranças de shopping. Ainda assim, algumas coisas simplesmente não acontecem no Brasil. Por exemplo:
  • Quem segura aqueles imensos pirulitos amarelos e organiza o tráfego quando as crianças estão saindo da escola são outras crianças. Sério. Tipo 9 ou 10 anos de idade. E funciona!
  • Os israelenses fazem uma coisa por vez. Se eles trabalham numa loja e estão conversando com você, suponhamos que o telefone comece a tocar ensandecidamente. Problema dele. Eles nem se abalam. Afinal de contas, se a pessoa realmente quiser falar com eles, volta a ligar.
  • Judeus, muçulmanos e druzos vivem no país. Mas cada um ocupa sua vila, frequenta suas escolas e preserva seus costumes.
  • Era a segunda vez que íamos a uma casa de câmbio para trocar dólares por shekels. O atendente sorriu, deu-nos balas e abençoou nossas vidas. Nem era tanto dinheiro assim!
  • Se você procurar banana, só tem nanica. E é meio sem gosto. Mas como eles fazem o jogo do contente, justificam dizendo que os israelenses não gostam de frutas muito doces. (é boa, vá!)
  • Em ruas de duas mãos, a faixa do meio é branca. A faixa amarela - contínua ou descontínua - é um ícone por estas plagas. Mas lá, você precisa prestar mais atenção à sinalização para não dar de cara com um ônibus.
  • Visitamos um kibutz antroposófico (tipo sincretismo religioso, manja? Israel + Alemanha!!). O negócio é tão avançado que eles usam oshibori (aquela toalhinha aquecida que a gente usa para limpar as mãos em restaurantes japoneses) para higienizar o úbere das vacas. Adicionalmente, a textura do tecido é parecida  com a língua do bezerro e estimula o leite. E é claro que eles usam uma toalhinha por úbere e depois mandam para a lavanderia a quente. Super!
  • O tabule é feito com salsinha, cebola e trigo. Não tem esse lance de tomate. É muito gostoso.
  • A arquitetura é sóbria. Eles não têm as invencionices que a gente vê por aqui. As linhas são retas. Os carros também têm linha mais tradicional.
  • Quando o avião aterra, todos aplaudem o piloto. Não importa se houve turbulência ou qualquer dificuldade no pouso.
  • Romãs têm cor. E sabor!
  • Estávamos no hotel de Jerusalém. Zé perguntou ao garçon "Tem água?" e, em resposta, ouviu "Tem shekels?"
  • A gente fala muito pouco com as mulheres em qualquer um desses países, especialmente naqueles de cultura muçulmana. No Egito, os homens são muito brincalhões: diziam que o Zé tinha 3 esposas (Monique, Juliana e eu) e faziam ofertas para troca por camelos.
  • Assim como na Índia, há grande prazer em negociar. Os preços marcados nos produtos raramente são finais.
  • Numa loja em Petra, o vendedor estava sozinho e nos deixou à vontade enquanto ia até o fundo para preparar chá para nós. Tudo na confiança.
  • Sempre que nos perguntavam de onde éramos, sorriam ao ouvir "Brasil". Em seguida, fatalmente diziam "Ronaldo" ou "futebol". E o passaporte brasileiro foi sempre bem-vindo e recebido com entusiasmo. 

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